Por JC Online
O plano de convivência com a pandemia será preparado a partir de estudos feitos pelo Porto Digital a pedido da prefeitura no início de maio
A reabertura de alguns setores da economia deve começar a acontecer em junho no Recife, declarou o prefeito Geraldo Julio na manhã desta sexta-feira (29), durante coletiva de imprensa online. “Nós acreditamos que no mês de junho, no decorrer do mês, será possível a flexibilização de algumas das atividades e de alguns setores da economia e da renda em nossa cidade”, afirmou o gestor. Segundo ele, o plano de convivência com a pandemia do novo coronavírus será preparado a partir de estudos feitos pelo Porto Digital, a pedido da prefeitura, no início de maio.
A encomenda tecnológica feita ao Porto Digital cruzou informações, a partir de um banco de dados, relacionadas à pandemia do novo coronavírus, como saúde, economia, renda e questões voltadas ao funcionamento da cidade. De acordo com o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, que também participou da coletiva, foi calculado o risco de cada atividade, o impacto econômico, incluindo o salário e a quantidade de empregos gerados, e levados em conta, nesta análise, os protocolos de saúde em relação à aglomeração gerada por cada uma das atividades.
“A gente acredita que num prazo curto algumas atividades poderão ser liberadas e, aos poucos, a gente vai liberando as restantes, inclusive os espaços públicos. Estamos muito preocupados com a saúde das pessoas, ao mesmo tempo que a gente se preocupa com o impacto econômico dessa liberação”, diz Pierre Lucena. Segundo a prefeitura do Recife, os próximos passos após os dias de quarentena mais rígida, que teve início no dia 16 de maio e se encerra neste domingo (31), serão feitos de acordo com o que for estipulado pelo governo do Estado.
O prefeito não divulgou, no entanto, quais as atividades que devem ser retomadas primeiro ou quais os critérios para o funcionamento dos estabelecimentos. Nas últimas duas semanas, com 16 bloqueios montados no Recife, 364 mil veículos foram abordados e 13.700 pessoas foram orientadas a voltar para suas casas. “Todas as atividades foram classificadas com base na quantidade de empregos e na geração de renda, sendo avaliado o grau de risco de contaminação de cada uma delas. A análise também considera os aspectos de cada região da cidade. A decisão sobre a abertura de cada atividade será baseada sempre em dados científicos”, disse Geraldo Julio.
O secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, explicou que, nos últimos dias, houve uma desaceleração da curva de crescimento dos casos na cidade, mas que ainda não é possível definir essa redução como permanente. Ele ainda ressaltou que houve uma diminuição na procura das pessoas pelo atendimento nas unidades básicas de saúde destinadas a pacientes com sintomas respiratórios, assim como dos chamados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Metropolitano. A prefeitura também registrou redução nos novos internamentos em UTI e enfermaria no município, mas não apresentou números.
O Recife é a cidade com maior número de casos confirmados da covid-19 no Estado, com 6.239 pessoas infectadas, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (SES-PE) nessa quinta-feira (28).
A expectativa de diversos setores do comércio já era de que uma reabertura gradual e cautelosa dos estabelecimentos comece a ser feita a partir da próxima semana. De acordo com o diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Recife, Fred Leal, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal nessa quinta-feira (28), diversas propostas para o retorno das vendas presenciais foram apresentadas ao Governo de Pernambuco, de quem o órgão aguarda um posicionamento.
No mesmo dia, à tarde, o Governo de Pernambuco anunciou um plano de retomada das atividades no Estado. Segundo a gestão, a reabertura dos serviços será gradativa, em um período de 11 semanas, e deverá respeitar orientações sanitárias. Os detalhes sobre o plano devem ser divulgados no fim de semana, quando chega ao fim o decreto que previa medidas mais restritivas em cinco municípios do Grande Recife.
O governo afirmou que o estudo foi conduzido pelas secretarias de Desenvolvimento Econômico, Planejamento e Gestão, da Fazenda, do Trabalho e Qualificação e de Desenvolvimento Urbano ao longo dos últimos dois meses. O Estado não detalhou quais atividades serão retomadas, nem as regras que os estabelecimentos deverão cumprir.
Lockdown no Recife e outras quatro cidades
As regras de quarentena mais rígida foram implementadas no Recife e outras quatro cidades do Grande Recife a partir dos decretos estaduais 29.017 e 49.024, que trouxe regras como a obrigatoriedade no uso de máscaras, o rodízio de veículos e a necessidade de justificar de saída de casa se a pessoa não desempenhar atividades essenciais.
As normas tiveram início no último dia 16 de maio e seguem até o próximo domingo (31). Apesar o percentual ideal de isolamento apontado pelo governo ser de 70%, nenhum dos cinco municípios atingiu esta meta durante o lockdown, ficando entre as casas dos 50% e 60%, de acordo com o Painel Índice de Isolamento Social do Ministério Público de Pernambuco e da empresa de tecnologia In Loco.
Na segunda (25), quando teve início a última semana de medidas mais rígidas da quarentena, sete novos pontos de fiscalização de rodízio de veículos foi montado após decisão do governo. Até então, Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata e Camaragibe contavam com 43 pontos de bloqueio, passando para 50.